Zappa Eyebrowns




O homem que desenha as sobrancelhas de Zappa

Ilustrador curitibano, fanático por Frank Zappa, desenhou os cartazes da turnê que o filho do músico faz tocando as composições do pai
Publicado em 03/06/2014 | 
O desenhista e ilustrador Ramon Muniz era um adolescente curitibano normal no final dos anos 1980, até que teve uma epifania: descobriu o universo “estranho e genial” da música de Frank Zappa (1940-1993).
Desde então, todo o trabalho e até a vida pessoal do “zap­­­pafanático” têm influência deste universo. “Comprei discos, gravava fitas de álbuns de amigos... Devorei tudo o que ele produziu, desde as várias dezenas de discos e obras póstumas, até os filmes, livros, o trabalho dele como produtor de outros artistas, tudo”, conta.

Ramon Muniz/Reprodução
Ramon Muniz/Reprodução / Dois dos cartazes da turnê Zappa Plays ZappaAmpliar imagem
Dois dos cartazes da turnê Zappa Plays Zappa
Filho
Prodígio da guitarra, Dweezil foi aluno de Van Halen
Nascido em 1969, Dweezil, 44 anos, é um dos quatro filhos de Frank Zappa. Aprendeu a tocar guitarra com o pai. Desde cedo mostrou potencial de menino prodígio no instrumento e tomou aulas com o lendário guitarrista Eddie Van Halen.
Em 1982, com 12 anos de idade, fez sua primeira apresentação em um palco, com a banda do pai, tocando o solo da música “Stevie’s Spanking” no Hammersmith Odeon, em Londres. No mesmo ano, lançou seu primeiro single, My Mother Is a Space Cadet, produzido por seu pai.
Desde então, gravou mais dez álbuns, sozinho, com seu irmão Ahmet ou com a banda Zappa Plays Zappa, que montou em 2009 para tocar o repertório do pai.
Em 2008, venceu o prêmio Grammy na categoria melhor performance instrumental de rock. Hoje casado e pai de três filhos, Dweezil já teve a fama de um dos maiores “pegadores” do showbiz. Molly Ringwald, Sharon Stone e Jennifer Connelly estão entre suas conquistas.
Pai
Inventivo e ousado, Zappa foi o maior provocador do pop
Nascido Frank Vincent Zappa em Baltimore, nos Estados Unidos, no dia 21 de dezembro de 1940, o músico se criou e viveu a maior parte de sua vida na Califórnia. Zappa entrou para a história da música como um dos compositores mais inventivos, controversos e ousados de todos os tempos.
Zappa também militava pela liberdade de expressão nos EUA e foi um empresário bem-sucedido à frente do selo Barking Pumpkin Records.
Em 1966, ele gravou com a banda The Mothers of Invention o histórico Freak Out – primeiro álbum duplo de rock e primeira obra conceitual do gênero.
Gravou quase 60 discos, sempre tentando derrubar as barreiras entre o rock, o jazz e a música clássica contemporânea (era um grande fã de Stravinski), com inusitadas fusões.
O músico morreu no dia 4 de dezembro de 1993, aos 52 anos, vítima de um câncer.
A fisionomia peculiar de Zappa, seu cavanhaque inconfundível, o nariz adunco e as sobrancelhas expressivas se transformaram em material recorrente para os desenhos de Muniz. “Era o personagem que eu desenhava naturalmente. Um dia eu comprei um VHS e ficava pausando e desenhando Zappa”, lembra.
Em 1994, um ano após a morte do ídolo, Muniz manteve o primeiro contato com o músico Dweezil Zappa, filho e herdeiro do legado musical do pai. Ele encomendou e recebeu em Curitiba fitas de vídeo com apresentações da banda de Dweezil, a Z Band.
Quase 20 anos depois, em dezembro de 2013, numa manhã difícil na agência de publicidade em que Muniz trabalhava, em São Paulo, ele decidiu enviar um dos milhares de desenhos de Zappa que produziu para o endereço eletrônico de Dweezil.
“Foi algo bem despretensioso. Mandei o e-mail e fui almoçar”, conta. “Quando voltei, ele tinha me respondido: ‘Grande material. Será que algum dia poderemos fazer alguma coisa juntos?’ Fiquei nas nuvens”, revela.
Os dois começaram a colaborar, on-line, nas peças de publicidade da turnê internacional da banda Zappa Plays Zappa, em que o filho recria com alguns antigos parceiros de seu pai músicas de várias fases do universo de Zappa. “O prazo era curto e ele é um cara superdetalhista e exigente, mas também é aberto e agradável.”
Muniz conta que Dweezil sugeriu como referência “algo na linha” de Tanino Liberatore, ilustrador italiano autor da capa do álbum The Man from Utopia, de 1983.
Sobrancelhas
“Eu falei para ele [Dweezil]: ‘este cara é um mestre, vou tentar...’ Demorei mais para pesquisar o que iria desenhar, escolher qual foto, idade, cabelo, guitarra que tinha de aparecer”, conta Muniz.
Com carreira longa na comunicação e na publicidade – trabalha atualmente na agência WMcCann, em São Paulo, já ilustrou na Gazeta do Povo e Editora Abril e faz colaborações para o jornal literário Rascunho desde a primeira edição – o ilustrador considera este seu trabalho mais importante.
“Tinha uma responsabilidade tripla: fazer a melhor ilustração possível para o Dweezil, para o Frank e para um dos caras mais fanáticos pela sua música do Zappa, que sou eu.”
O resultado agradou em cheio o seu cliente. A parceria deve continuar na capa do próximo disco de Dweezil. “O Zappa dizia que a música só ficava pronta depois de ‘colocar a sobrancelha’ nela. Eu acho que consegui ‘colocar a sobrancelha’ nos desenhos”, ri.


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